Escolas do Campo trabalharão com ciclos
Em várias escolas do campo, já ocorria o
agrupamento de alunos através da multissseriação (diferentes turmas ou séries
reunidas numa mesma sala), mas, conforme Bia, os ciclos são diferentes disso,
porque irão, com a sua implantação, adotar a progressão continuada (sem reprovação
a cada ano) e acabar com o conceito de séries, considerando as idades, a
individualidade do processo de aprendizagem e a diversidade existente na hora
de desenvolver as aulas. O sistema de ciclos já é usado com sucesso em
diferentes instituições educacionais das redes públicas e privadas no Brasil. O
Pacto Nacional Pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) do Governo Federal em
conjunto com as secretarias estaduais e municipais, já estimula a progressão
continuada (nos anos iniciais).
Há três anos a Seduc vem trabalhando a formação dos
conceitos da proposta: avaliação emancipatória, currículo interdisciplinar,
pesquisa e organização curricular nas quatro áreas do conhecimento (linguagens,
matemática, ciências da natureza e ciências humanas).
O trabalho por ciclos não é uma ideia nova. A base
legal é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996 (LDB – Lei 9.394/96),
que explicita que a educação básica poderá organizar-se em séries anuais,
períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos
não seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por
forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de
aprendizagem assim o recomendar, além da Resolução nº 7/2010 do Conselho
Nacional de Educação, que fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
Fundamental de nove anos.
O que é uma escola do campo?
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística – IBGE, escola do campo é a unidade situada em área rural ou
aquelas localizadas em área urbana que atendem predominantemente a populações
do campo. Em termos pedagógicos, o conceito é mais amplo: uma escola do campo
não é definida apenas pela sua localização geográfica, mas pela sua
identificação com quem vive no campo, através construção de relações baseadas
no respeito e na valorização da população que tira seu sustento da terra. Nesse
sentido, o trabalho pedagógico precisa ser diferenciado, compatível com as
características da comunidade e com a organização escolar, que muitas vezes se
distingue pela ocorrência de classes multisseriadas. Na 24ª CRE, o trabalho
diferenciado com as escolas do campo já acontece há vários anos, com
acompanhamento pedagógico específico pelo Núcleo de Apoio Pedagógico da
Coordenadoria.
Qual é a vantagem dos ciclos nas escolas do campo?
Conforme a Coordenadora Pedagógica da 24ª CRE, Bia
Mazuim, a organização do ensino em ciclos de formação é decorrente do
reconhecimento de que os seres humanos são muito diferentes entre si e que não
se desenvolvem no mesmo tempo, da mesma maneira, na mesma sequência, de um
jeito programado. A organização em ciclos permite contemplar essas diferenças
garantindo um período contínuo de trabalho ao longo do qual o aluno passa pelas
sucessivas aprendizagens, sendo assistido nas dificuldades que apresentar, sem
a ameaça de reprovação. É como se fosse um ano ampliado, ao longo do qual o
aluno é assistido em suas dificuldades, podendo retomar temas que ainda não
conseguiu dominar e construir o conhecimento de acordo com seu ritmo pessoal. O
ciclo, assim, permite que sejam levados em conta a singularidade de cada
indivíduo. Essa estruturação reflete as etapas de desenvolvimento da criança e
do jovem, permitindo um trabalho mais adequado e coerente em cada ciclo.
Como funciona
1º Ciclo de Formação – Segunda Infância - Caracterizado pelo agrupamento de crianças de 6, 7 e 8 anos de idade e pela centralidade curricular na Alfabetização e Letramento. O atendimento pedagógico se caracteriza pela unidocência, podendo haver áreas especializadas também. Este ciclo substitui o que hoje são o primeiro, segundo e terceiro ano do Ensino Fundamental. Não há reprovação antes do final do ciclo.
1º Ciclo de Formação – Segunda Infância - Caracterizado pelo agrupamento de crianças de 6, 7 e 8 anos de idade e pela centralidade curricular na Alfabetização e Letramento. O atendimento pedagógico se caracteriza pela unidocência, podendo haver áreas especializadas também. Este ciclo substitui o que hoje são o primeiro, segundo e terceiro ano do Ensino Fundamental. Não há reprovação antes do final do ciclo.
2º Ciclo – Terceira Infância ou Pré-Adolescência -
Crianças de 9, 10 e 11 anos de idade. Tem como centralidade curricular
Aprofundamento da Alfabetização e do Letramento. O atendimento pedagógico neste
ciclo caracteriza-se pela concentração de áreas (linguagens, matemática,
ciências da natureza e ciências humanas) por um professor com formação em
Pedagogia ou magistério e mais professores das áreas especializadas: Língua
Estrangeira, Educação Física e Arte. Este ciclo substitui o que hoje
são o quarto, quinto e sexto ano do Ensino Fundamental. Não há reprovação antes
do final do ciclo.
3º Ciclo – Adolescência - Caracterizado pelo
agrupamento de adolescentes de 12, 13 e 14 anos de idade. Centralidade
curricular no aprofundamento, consolidação e sistematização do processo de
aprendizagem desencadeado nos ciclos anteriores do Ensino Fundamental. O
atendimento pedagógico é feito a partir das áreas do conhecimento e seus
componentes curriculares. Atuam professores de cada área do conhecimento e mais
os das áreas especializadas. Este ciclo substitui o que hoje são o sétimo,
oitavo e nono ano do Ensino Fundamental. Não há reprovação antes do final do
ciclo.
No interior do ciclo (com três anos cada um), não
há reprovação do aluno. Ele pode ser retido, entretanto, no final do ciclo, ou
seja, na passagem de um ciclo para o outro.